domingo, 20 de dezembro de 2009

Gôta

O que é gota?
Gota é uma doença osteometabólica, conseqüente ao aumento dos níveis séricos de ácido úrico (denominado hiperuricemia), que se depositam nas articulações promovendo a crise inflamatória aguda. A gota clássica pode evoluir em 3 estágios:

1. Gota aguda (episódios agudos de inflamação intermitente em uma ou mais articulações)

2. Período Intercritico (intervalo entre as crises agudas sem sintomas)

3. Gota crônica (após 10 anos, sem tratamento adequado, podem aparecer depósitos de cristais nas articulações, ossos e em outros tecidos, são os chamados tofos. Estes quando se perfuram expelem material com aspecto de giz)

O que pode causar gota?
Todas as pessoas com gota têm hiperuricemia (ácido úrico aumentado no sangue), o que corresponde a não mais que 20% dos hiperuricêmicos. Alguns fatores podem desempenhar papel importante no seu desenvolvimento como, hereditariedade, sobrepeso, dieta, consumo de álcool e diuréticos tiazídicos. A hiperuricemia pode ser causada por uma das seguintes situações, ou por ambas:

  • Os rins não conseguem excretar o ácido úrico de forma eficaz e este passa a se acumular no sangue;
  • O organismo produz ácido úrico em excesso.

O que pode desencadear um episódio agudo de gota?

  • Dietas com alto teor protéico
  • Ingestão excessiva de álcool
  • Uso de determinados diuréticos
  • Traumatismo articular
  • Doenças graves e súbitas
  • Quimioterapia

Associação com outras doenças:

  • Doença renal: nefropatia aguda ou crônica por deposição de urato e nefrolitíase (cálculos renais) ocorre em 10 a 25% dos casos;
  • Hipertensão arterial sistêmica (25 a 50% das pessoas)
  • Obesidade;
  • Dislipidemia (80% têm associado elevação de triglicérides)
  • Doenças cardio-vasculares (infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral)

Quem é mais afetado pela gota?
A gota afeta tipicamente homens, na faixa de 40 a 50 anos de idade. Em mulheres é menos freqüente e com aumento após a menopausa e utilização de diuréticos tiazídicos.

Evolução clínica da Gota

Gota Aguda
O episódio agudo de gota se desenvolve de forma rápida, geralmente com início durante a noite, com aparecimento de sinais inflamatórios intensos (dor, edema, calor e vermelhidão) na articulação comprometida, sendo regra geral uma articulação afetada em cada crise. A articulação mais afetada é a primeira metatarsofalangeana do pé (podagra), podendo também ocorrer em tornozelos, joelhos e cotovelos. Por vezes, a crise atinge duas ou mais articulações.

Período Intercritico
É o intervalo entre as crises. Com a evolução da doença o período intercrítico tende a se tornar menor e as crises agudas mais freqüentes e prolongadas.

Gota crônica ou avançada
As crises repetidas, por 10 anos ou mais, tendem a lesar as articulações sucessivamente comprometidas, provocando rigidez e limitação do movimento. Neste período ocorre o aparecimento de tofos.

Diagnóstico

O diagnóstico da gota é feito através da história clínica do paciente e complementados por exames laboratoriais para determinar os níveis séricos de ácido úrico e outros como triglicérides, colesterol, uréia e creatinina. A pesquisa de cristais de ácido úrico no líquido sinovial, obtido através da punção da articulação comprometida é o selo de seu diagnóstico. Os raios-X simples das articulações muitas vezes permitem o diagnóstico do tofo.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da gota deve ser personalizado e dinâmico sob estrita supervisão médica, podendo necessitar algumas alterações durante a evolução. De forma geral o tratamento enfoca três pontos:

  • Controle da crise aguda;
  • Prevenir novas crises;
  • Prevenir ou tratar os tofos.

A hiperuricemia assintomática não requer tratamento.

Considerações sobre a dieta
A dieta tem importância relativa visto que 85% do total de ácido úrico são provenientes da renovação de todas as células do organismo, e a dieta corresponde a não mais que 15%.

  • A obesidade pode estar ligada a oscilações nos níveis de ácido úrico no sangue. O controle de peso deve ser feita de forma equilibrada. O jejum prolongado ou dietas muito restritas podem levar ao aumento dos níveis de ácido úrico;
  • Na dieta visa-se a moderação, não há grandes restrições. No entanto, certos alimentos (principalmente os ricos em proteínas) podem elevar os níveis uricêmicos. Exemplos: frutos do mar, aves e carnes, legumes tipo grãos (feijão, soja, ervilha, etc.);
  • Ingerir líquidos em grande quantidade é importante para ajudar a eliminar cristais de ácido úrico do organismo e prevenir a formação de cálculos;
  • Moderar o consumo de álcool.

A Doença Reumática

A Reumatologia é uma especialidade que estuda um grande número de diferentes doenças que tem em comum o comprometimento do aparelho músculo-esquelético, ou seja, ossos, cartilagem, estruturas peri-articulares (localizadas próximas às articulações, tendões, ligamentos, fáscias, etc.) e/ou de músculos e também as doenças do tecido conjuntivo. Logo, embora o termo reumatismo, consagrado, não é suficientemente adequado para denominar este amplo grupo de doenças. Assim sendo não é sinônimo de dores no organismo como de uso corrente.

Ao contrário do que ocorre com doenças cardíacas ou gastrintestinais, que acometem determinado órgão ou sistema, o conceito de que as doenças reumáticas são as mesmas afetam somente o sistema osteo-articular nem sempre é correto, pois, muitos pacientes no seu cortejo sintomático podem não apresentar queixas articulares, ósseas ou comprometimento de tecidos peri-articulares , mais sim de órgãos diversos, como rins, coração, pulmões, pele e etc.

As doenças reumáticas têm causas, sinais e sintomas, conseqüências e tratamentos diferentes razão pela qual se torna importante saber qual a doença de cada paciente individualizando o seu caso ao invés de simplesmente classificar como tendo uma doença reumática.

Os termos "reumatismo" ou "doença reumática", na realidade, nada significam, pois não são diagnósticos. O reumatologista é o médico especialista capacitado e treinado para identificar, diagnosticar e tratar essas doenças, pois, entre os principais especialistas que tratam do aparelho locomotor,ele tem formação obrigatória em clinica Médica e geral. Portanto, esses especialistas devem ser preferencialmente procurados em primeira instancia.

Quando um paciente se queixa de artrite, significa apenas que tem inflamação na articulação, que pode ser evidenciada por dor, edema (inchaço), calor e eventualmente vermelhidão na junta. Portanto, a artrite é uma manifestação comum à maioria das doenças reumáticas que comprometem as articulações e não um diagnóstico. O paciente ao procurar um médico tem o direito de saber na medida do possível o diagnóstico de sua doença e não se satisfazer com o diagnóstico de "reumatismo", "doença reumática" ou de "artrite".

Muitas dessas doenças são de evolução crônica e necessitam tratamento prolongado, mas a sua evolução e o prognóstico são muito variáveis,entre os vários pacientes. O dito popular que reumatismo é "doença de velho", esta absolutamente errada, pois, acomete todas as idades, incluindo crianças recém-nascidas.
O diagnóstico e o tratamento precoce ("o quanto antes") são de suma importância para um a boa evolução e prognóstico da doença, evitando complicações que podem incapacitar o paciente de forma definitiva. Por isso, a busca do reumatologista é recomendável.


Classificação das Doenças

A classificação destas doenças é uma forma de separá-las em grupos de acordo com mecanismos de lesão, localização preferencial de comprometimento, na tentativa oferecer uma visão global e compreensiva destas.

1. Doenças difusas do tecido conjuntivo

Doenças crônicas, que cursam com comprometimento sistêmico (acometimento do estado geral e de vários órgãos), e estão relacionadas com distúrbios do sistema imunológico (processo inflamatório, com ativação de células e produção de auto-anticorpos).

  • Lúpus Eritematoso Sistêmico
  • Artrite Reumatóide
  • Esclerodermia Sistêmica
  • Miopatias Inflamatórias
  • Síndrome de Sjögren
  • Doença Mista do Tecido Conjuntivo
  • Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide

2. Vasculites Sistêmicas

Doenças cujo processo inflamatório compromete a parede dos vasos sangüíneos (desde artérias à vênulas).

  • Arterite de Takayassu
  • Granulomatose de Wegener
  • Arterite Temporal
  • Doença de Behçet

3. Espondiloartropatias

Doenças crônicas com comprometimento inflamatório preferencial da coluna vertebral e articulações sacroilíacas. Em alguns casos pode haver concomitantemente envolvimento das articulações periféricas e de outros sistemas.

  • Espondilite Anquilosante
  • Espondiloartropatia da Psoríase
  • Espondiloartropatia das Doenças Inflamatórias Intestinais
  • Espondiloartropatias Reativas
  • Outras

4. Doenças osteometabólicas

Doenças que acometem o metabolismo ósseo.

  • Osteoporose
  • Osteomalácea
  • Doença de Paget
  • HiperparatireoidismoM

5. Doenças Articulares Degenerativas

Doenças que afetam as cartilagens das articulações promovendo degeneração estrutural.

  • Osteoartrite primária
  • Osteoartrite secundária (após infecções, fraturas, doenças por cristais, etc.)

6. Artropatias Microcristalinas

Doenças que comprometem as articulações e partes moles, tendo como causa depósitos de microcristais.

  • Gôta
  • Condrocalcinose
  • Artrite por hidroxiapatita
  • Artrite por outros microcristais

7. Artropatias Infecciosas e Reativas

Doenças com comprometimento ósteo-articular associadas a processos infecciosos no local ou a distância, de diversas causas.

  • Artrites infecciosas
  • Osteomielite
  • Artrite Reativa
  • Febre Reumática
  • Doença de Lyme

8. Reumatismo Extra-articular

Doenças que acometem estruturas nas vizinhanças de uma articulação ou coluna vertebral.

  • Tendinites
  • Bursites
  • Esporão de calcâneo
  • Fasceíte Plantar
  • Epicondilite lateral e medial
  • Fibromialgia
  • Dor miofascial

9. Artrites intermitentes

Doenças inflamatórias têm por característica o envolvimento articular episódico.

  • Febre Familiar do Mediterrâneo
  • Reumatismo Palindrômico
  • Hidrartrose intermitente

10. Artropatias secundárias a outras doenças não reumáticas

Comprometimento osteo-articular relacionado ao contexto clínico e evolutivo de outras doenças.

  • Diabetes Mellitus
  • Hipotireoidismo
  • Hipertireoidismo
  • Tumores malignos
  • Doenças hematológicas




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